Às vezes, eu sou o tempo

Liu Gerbasi
1 min readJul 27, 2024

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Um passo na frente no outro, como quem segue uma linha imaginária, uma corda bamba. As ruas gritam mas, aqui dentro, mora o silêncio – e é dele que me faço companhia. O farol abre. A travessia toma um significado poético, penso em quantos “outros lados” me esperam a força das pernas em cruzar. A cidade se faz presente no caos da mente, faz questão de me levar até a praça. É uma praça tão linda quanto vazia. Um lugar bonito, me lembra que a existência compõe com o cenário, sempre. Me pego existindo ali, ouvindo, sobretudo, as possibilidades daquele espaço. A cada passo, folhas secas se desfazem, e eu quase sinto culpa. A mão caminha em ritmo de valsa até o chão, sente os restos de quem por ali passou. É difícil entender onde ficam guardadas as histórias vividas. Os passos dados nesse chão pertecem ao solo ou aos pés?

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